Fomos ao seu encontro ao Centro Desportivo Nacional do Jamor, que se tornou uma espécie de segunda casa desde que começou o estágio para os Jogos Olímpicos de Paris. É a segunda vez que Patrícia Sampaio, 25 anos, vai à maior e mais prestigiante competição desportiva à escala planetária, e os nervos, bom, os nervos estão à flor da pele.
“Em Tóquio foi diferente: só decorreu em 2021, um ano depois do previsto, por causa da pandemia de Covid-19, e havia tantas limitações que acabámos por não viver tudo o que esperámos”, conta a atleta-estudante da NOVA, que, ainda para mais, tinha-se lesionado, por duas vezes, nos meses que antecederam a competição.
Agora, apesar do nervoso miudinho sempre latente, a judoca já vai com outro ânimo, depois de se ter sagrado campeão da Europa da modalidade, em novembro de 2023 – ela que foi também líder mundial em juniores e, desde então, não parou de competir.
“Não paro de pensar de pensar em Paris desde que acabaram os jogos em Tóquio”, recorda, ela que se emocionou imenso logo na cerimónia de abertura: “Até chorei!”. A sonhar com um bom resultado nos Jogos que aí vêm, revela ainda que continua a seguir uma superstição muito particular: “uso sempre o mesmo fato”.
Natural de Tomar, começou no judo aos 7 anos, influenciada pelo irmão Igor, que já praticava e acabou por se tornar seu treinador. “É que, quando eu nasci, ele já fazia judo”. O reconhecimento da sua terra não se fez esperar e a retribuição também não, daí que este ano tenha aceitado ser a rainha do Carnaval de Tomar.
Agora, é uma das 37 mulheres na comitiva portuguesa – mais paritária e com o maior contingente feminino! – de sempre, cumprindo assim o desafio lançado pelo Comité Olímpico de tornar estes os Jogos da paridade. Com a feliz coincidência, ainda, de decorrerem na mesma cidade em que as mulheres competiram pela primeira vez nas Olimpíadas da Era Moderna.
A partir de 26 de julho – e até 11 de agosto – as duas margens do Sena serão o cenário de toda a cerimónia, mas as atenções de Patrícia estão sobretudo sobre o Arena Champs de Mars, em particular, que é onde decorrem os combates de judo e se esperam cerca de 300 mil espetadores.
“Atingir o Olimpo? Sim, para qualquer atleta, pode participar nos Jogos é o coroar de uma carreira de sucesso”, assume, ela que tem andado a treinar duas vezes por dia, todos os dias, a dormir sempre menos de meia dúzia de horas diárias. “É uma vida de disciplina”, remata.
O primeiro combate está agendado para o dia 1 para aquele espaço que habitualmente recebe eventos de grande dimensão e foi agora transformado para estar ao serviço dos Olímpicos.
Não será a primeira vez que fica na história: afinal, foi do Champs de Mars que foi lançado o 1º balão de hidrogénio da história, em 1783, e foi igualmente naquele local que se celebrou, pela primeira vez, o Dia da Bastilha, em 1790 – além de ter sido ainda cenário para o filme 007 – a View to a Kill, em 1985.
Agora, esperamos que seja palco de outro momento digno de memória: ou seja, que a nossa Patrícia Sampaio suba ao pódio e traga a tão almejada medalha!
ATUALIZAÇÃO
O primeiro combate decorre dia 1 de agosto, às 9h da manhã! Vamos apoiá-la!